O Marketing numa economia da atenção (I)

Vinte anos antes da Internet já Alvin Toffler se queixava de Information Overload. Mas nunca como hoje a atenção dos consumidores foi tão agressivamente disputada. Dê-nos uns minutos da sua para ficar a saber como é que as empresas podem distinguir-se da multidão numa economia da atenção.

Em 1970, no seu visionário Choque do Futuro, Alvin Toffler popularizou a expressão “information overload” para designar a dificuldade em processar toda a informação disponível num determinado momento para tomar uma decisão adequada. Um ano depois, Herbert Simon deu um passo em frente na análise:

O que a informação consome é bastante óbvio: consome atenção. Quanto mais informação, menos atenção. Portanto, a abundância de informação cria pobreza de atenção e a necessidade de a distribuir eficazmente entre a abundância de fontes de informação que a podem consumir.

Herbert Simon

Information Overload num mundo em que a World Wide Web estava a duas décadas de distância e a extraordinária disquete de 1.44MB a quinze anos de ver a luz do dia. Poupem-nos…

AS NOVAS POSSIBILIDADES DA WEB 2.0

A Web, contudo, tornaria real a profecia da sobrecarga informativa.

Infelizmente, há a tendência para replicar o conhecido no novo, repetindo estratégias de comunicação em meios diferentes. Marshall McLuhan já alertara para este facto na década de 60 deixando-nos uma bela síntese tantas vezes ignorada: “o meio é a mensagem”. O meio conta, mas o erro repetiu-se. Em poucos anos a Web foi invadida com publicidade massificada que alguns consumidores aprenderam a ignorar e outros, menos pacientes, passaram a detestar. Para a primeira situação cunhou-se mesmo um termo próprio: ad blindness.

Disseminar publicidade tornara-se demasiado fácil e barato, mas ser ouvido/visto ficou progressivamente mais difícil. Dotando-o de novas possibilidades, a Web 2.0 amplificou a resistência do consumidor e aprofundou o fosso. A produção de informação deixou de ser monopólio das empresas, de consumidores de informação passámos todos a consumidores-produtores, a geração download deu lugar à geração upload. E hoje partilhámos como nunca: ideias, opiniões, fotos, vídeos, tweets, likes. Em suma, o consumidor tornou-se menos dependente da comunicação das marcas, entre o estímulo e a compra instaurou-se a pré-compra no ZMOT.

Exposto diariamente a centenas de mensagens publicitárias, o consumidor tornara-se mais desconfiado, aprendeu a filtrar anúncios e, quando pôde, reagiu. Como? Precisamente dispensando a comunicação massificada, passando a recolher informação online entre os pares ou em novos serviços entretanto criados, sendo mais exigente na seleção das fontes a que dá a sua atenção.

O consumidor mudou com a tecnologia, não necessariamente devido à tecnologia. Será que o seu departamento de marketing já o compreendeu? A sua empresa está a trabalhar para merecer atenção? Na segunda parte deste post sugerimos-lhe algumas formas de atuação.